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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ser ou não ser, ter ou não ter?!

Trono. Imágenes De Archivo Libres De Regalías
O poder muda a pessoa??
                   
 Novamente como tema, que vem e vai nas discussões via e-mail do grupo “Passa Bola Companheiro”, sobre o cargo intitulado de “Presidente”,uns dizem que houve golpe, outro diz que o mesmo nem exista, porém outras opiniões afirmam que o povo o quis, e agora?! Tentando contribuir para entender melhor algumas posições que ando lendo no debate, preocupo muito com a ânsia  pelo poder, o apego, então procurei opiniões (abaixo) para subsidiar essa minha inquietação:
   “ O psicanalista J. Lacan [1] ,observou que a partir do momento em que alguém se vê "rei", ele muda sua personalidade. Um cidadão qualquer quando sobe ao poder [2] , altera seu psiquismo. Seu olhar sobre os outros será diferente
Estar no poder, diz Lacan, "dá um sentido interiormente diferente às suas paixões, aos seus desígnios". Pelo simples fato de agora ser "rei", tudo deverá girar em função do que representa a realeza. Também os "comandados" são levados pelas circunstâncias a vê-lo como o "rei do pedaço".
La Boétie [3] parecia indignado em perceber o quanto o lugar simbólico de poder faz o populacho se oferecer a uma certa "servidão voluntária". Bourdieu chama-nos atenção para a força que o símbolo exerce sobre os indivíduos e grupos. Antes de ocupá-lo, o poder atrai e fascina; depois de ocupado tende a colar a alguns como se lhes fossem eterno. Aí está a diferença entre um Fidel Castro e um Nelson Mandela. O primeiro e a maioria dos ditadores pretendem se eternizar no poder, o segundo, mais sábio, toma-o como transitório, evitando ser possuído pelo próprio. ("Possuído", sim, pois o poder tem algo de diabólico, que tenta, que corrompe, etc).
No filme As loucuras do rei George III [4] , da Inglaterra, somos levados a perceber duas coisas:  o quanto que as pessoas recusavam a idéia de um rei que perdeu a razão em função de uma doença e, que fazer para impedir alguém que representa o poder máximo de uma nação, devido a suas loucuras?   
O poder faz fronteira com a loucura. Parece que há algo de "loucura narcísica" nas pessoas que anseiam chegar ao poder político (governante de uma cidade, estado ou país, ministro, membro do secretariado local), ou ao poder de uma instituição, empresa, departamento, pequeno setor de uma organização qualquer ou grupo qualquer. O narcisismo de quem ocupa o poder, revela-se na auto-admiração (o amor a si e aos seus feitos), na recusa em aceitar o que vem dos outros e no gozo que ele extrai do poder, que, levado ao extremo poderia revelar loucura. “
Observação: Será que se apegar a determinado clube, fanatismo, tem relação com tudo isso??!


[1] Jacques Lacan, psicanalista francês, que propôs o retorno à leitura da obra de S. Freud. Cf.: Seminário 1. Ed. Zahar, 1979, p. 318.
[2]   Max Weber define que o"poder é toda chance, seja ela qual for de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contar a relutância dos outros". Para M. Foucault, nas duas obras, Vigiar e Punir e Microfísica do poder,  faz uma genealogia do poder. Constata que o poder se exerce na sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras as mais diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso. 
[3] Etienne La Boétie, filósofo francês, autor do Discurso da Servidão Voluntária. Cf.: Brasiliense, 1982.
[4]   O rei George III reinou na Inglaterra no séc. 18 Ficou louco devido a uma doença, a porfiria, desconhecida na época.
[5] Dito por L. Feuerbach


Um comentário:

  1. Poder! Poder! Poder! O poder das palavras é capaz de mexer com as cabeças dos seres humanos e, por consequência, com as estruturas sociais mais sedimentadas. Belo texto!

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