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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Anjos e Demônios...

Meu amigo Luis outrora nos lembrou da necessidade que teremos de, em breve, fazer uma escolha: Dilma ou Serra? Em meio a esta sensação de imobilidade diante das opções que nos sobraram e ao constrangimento pessoal em não querer optar entre as possibilidades de escolhas que não correspondem aos meus anseios, lembrei-me de uma crônica que escrevi em 2008, antes do processo eleitoral que vivemos em nossa rede para escolhermos os/as diretores/as de nossas escolas, creches e núcleos de educação infantil.
Na época compartilhei com os meus contatos as minhas inquietações sobre o assunto e, agora, mesmo correndo o risco de ser repetitivo, penso que o referido exercício literário estaria tão atual quanto o estava naquele momento, inclusive porque estamos vivendo processo de escolha de dirigentes em nossa rede novamente.
Assim, segue abaixo o texto a que fiz referência:

FALANDO DE “ANJOS”

Fábio Tomaz Alves

Em tempos de eleições, olhamos para o lado e só vemos “anjos”. Vejam bem: usei a expressão anjos entre aspas, no lugar das asas. De repente, pessoas das mais variadas categorias sociais, etnias e culturas, de gêneros e orientações sexuais e religiosas diversas, aprecem em nossas vidas do nada e declaram-se a “solução para nossos problemas” e para “os problemas do mundo”.
Eu sei, eu sei! Definitivamente sou um cara cético, avesso as “verdades absolutas”, desconfiado das “meias verdades”, enojado com as “falsas promessas”. Será que esse meu ceticismo é natural ou ganharam corpo socialmente, na medida em que fui convivendo com “anjos”?
Chamem-me de louco se quiserem, mas compartilho da frase, cujo autor desconheço e que antipaticamente afirma: “quanto mais conheço os homens (e as mulheres), mais amo meus cachorros”. Neste aspecto, chego a pensar que, nesta comparação, posso estar sendo injusto com os falecidos Lulu, Bidu, Max, Maguila e a saudosa Layla, bem como com a pequena Bibi.
Divagações a parte, é preciso ter clareza que acreditar em anjos e em “anjos” é uma questão de fé ou de ignorância. Assim como a fé das pessoas garante a existência dos anjos, é também a ignorância destas que permite aos “anjos” materializar-se e multiplicar-se em nossa sociedade, na medida em que dão créditos e, pasmem, votos aos falsos “salvadores”, ao ouvir suas promessas impagáveis, ao compartilhar de seus pactos de mediocridade, ao conjugar de suas ilegalidades.
Sim, paciente leitor! Você sabe de tudo isso e, é provável, que eu esteja sendo repetitivo. Entretanto, assim como os “anjos” insistem em encher meus ouvidos com suas asneiras, eu ouso ficar pasmo com tanta hipocrisia, na medida em que vejo este fenômeno espalhando-se por todas as esferas de nossa sociedade: na política profissional, nos movimentos sociais, na esfera comercial e até no âmbito das instituições educacionais.
É justamente por ver esta hipocrisia contaminando o âmbito de nossas instituições educacionais que resolvi vir a público registrar minha indignação diante dos “anjos”, pois sua existência neste espaço é uma ameaça concreta as gerações que por elas serão afetadas em seu processo de formativo e, também, corrobora pela perda de direitos historicamente conquistadas pela classe trabalhadora, tal como o direito a uma gestão democrática na esfera pública, através de eleições diretas para diretores, na criação de conselhos escolares e na garantia da organização dos trabalhadores em sindicatos.
Não nos esqueçamos que todas essas conquistas custaram vidas a muitos de seus idealizadores. Portanto, pacientes leitores, em nome dessas vidas que se foram e das que ainda estão sendo “formadas”, digam não aos “anjos” e suas promessas, denunciando-os em suas trapaças, impedindo-os de reinar com sua hipocrisia.
E que nossos anjos da classe trabalhadora possam nos proteger e iluminar nossas escolhas, estejam eles onde estiverem.
28/08/08