Calma, calma, calma, depois deste artigo, você se convencerá que eu estou certo...
O Brasil não é conhecido por ser o país do futebol por acaso. É um time que joga um futebol bonito, que domina os adversários, com dribles e toques de finta. É um futebol alegre, de categoria e que faz os adversários ficarem boquiabertos com domínio da bola. É um caso aparte no futebol mundial, que ainda está obcecado pela tática e pelo objetivismo.
O Brasil resolveu copiar a Europa, no jeito burocrático e limitado de jogar futebol, por acharmos que isso que é futebol.
A escolha do Dunga como treinador era para colocar a casa em ordem depois da vitória vexaminosa sobre a França. Era uma pá de terra num time fantástico que no papel era para ser o melhor time do planeta naquela conjuntura. Com o fracasso desta forma de jogar pra frente, a CBF achou melhor que deveria o Brasil ter um time mais raçudo, mais comprometido com a camisa amarela. Com o medo de perder os dedos, a CBF oferece os anéis para um comandante livre de vícios dos técnicos, que fosse ríspido o suficiente para fazer merecer a seleção brasileira, contra uma suposta vadiagem liderada por Parreira. Não é a toa que Dunga, nas primeiras convocações, barra Ronaldinho e Kaká. Teve que Kaká aceitar a cartilha de Dunga para voltar a seleção.
Táticas
Antes de prosseguir, vamos entender como Dunga entende de tática: O Brasil passou a valorizar o contra-ataque como principal virtude do time, com jogadores bons no desarme e velocidade no contra-ataque. Kaká é líder do time nas arrancadas, tendo Robinho como jogador que faz alguma mágica e Luis Fabiano para fazer os gols. Tendo apenas três homens mais ofensivos, os volantes tinham que ser jogadores mais completos, como Elano e a instabilidade do segundo homem de meio de campo, até a chegada de Felipe Melo. O período Dunga teve em Felipe Melo seu jogador principal - firme na marcação, aliada a algum talento na saída de bola e raros momentos de brilho, como no gol que fez nas eliminatórias contra o Peru. O sistema tático era um 4-3-2-1, com uma rara mudança para 4-3-1-2, quando Robinho estava machucado ou fora de forma.
Dunga e a seleção (seleção???)
Neste interim, o Brasil conheceu o futebol de Dunga, ou como Dunga entende o futebol. Técnico que se sustentava por bons resultados e de um futebol que prioriza os contra-ataques, faz um time que tem nos zagueiros e nos volantes os seus bons destaques. Lúcio, Juan, Maicon, Daniel Alves são jogadores festejados no período. Junto a isso, soma-se a prioridade por jogadores polivalentes e modernos, como Elano e Julio Baptista. Aos poucos, o povo brasileiro foi aceitando o método Dunga, que é o futebol feio, mas de resultado, sem o Brilho. Ele estava em lua de mel com o povo quando começou a não convocar Ronaldinho Gaúcho no mesmo momento que o astro do Milan começou a render muito no clube italiano, a fazer chover. Houve uma comoção nacional, junto com a imprensa, para que ele entrasse na seleção.
O povo começou a se remexer mais quando teve a ascenção dos meninos da vila, principalmente em Paulo Henrique Ganso. Mais do que Ronaldinho Gaúcho, o Ganso teve apoio incondicional do povo, por jogar no meio de campo. A genialidade deste jogador em campo não era o suficiente para encantar o rígido e brucutu treinador. Tanto que Dunga tentava, em vão, sustentar sua idéia de que o time estava formado, e precisava apenas definir alguns detalhes. Detalhes que ficou evidante na convocação final.
Convocação Final
Dunga faz a convocação final, e fica evidente o desespero da nação com a falta de jogadores que podem fazer alguma diferença na reserva. Nomes como Grafite, que jogou apenas 15 minutos contra Irlanda e Felipe Melo, que tinha uma limitação psicológica que o fazia ser expulso com facilidade na Juventus, seu novo time fazia com que essa seleção entrasse sem a confiança necessária. Poucos eram os que confiavam na capacidade deste time. Sete volantes e nenhum meia de ligação, além de Kaká, fez deste time um time sem opção para o futuro. Fora ainda a convocação de Doni, o terceiro goleiro da seleção era, coincidentemente, terceiro goleiro do Roma. Se não houvesse algo extraordinário, o time iria tranquilamente para as outras fases do mundial.
Extraordinário Aconteceu
O time de Dunga jogou o necessário contra a Coréia do Norte, mas no final tomou o único gol que este país fez na copa. Contra a Costa do Marfim, um futebol vistoso e objetivo, ofuscado pela expulsão de kaká, jogador que estava visivelmente fora de si. Sua terceira expulsão.
Chegou o jogo contra portugal, e o futebol brasileiro teve que escolher o reserva de Kaká. Júlio Baptista. A história deste jogador é a mesma do futebol moderno: um jogador que é volante, sabe fazer gol, dá alguns dribles e pode ser escalado como atacante. Mas no meio de campo, na criação, era seu ponto fraco. É um jogador de força, e não técnico. O único que poderia substituir Kaká desapontou numa trágica exibição. Fora que Portugal mostrou para o mundo o caminho para Ganhar do Brasil: se defender. Ao contrário do que achavam os comentaristas da Globo, Portugal jogou na retranca no primeiro tempo, e como o Brasil não tinha ninguem capaz de abrir espaços ou ser criativo, a seleção fez um jogo pífio. No segundo tempo, o que se louvou foi a exibição fantástica de Lúcio e Juan. Taticamente, negação.
Fatídica Holanda
A seleção holandesa chega nesta copa como um futebol bonito e objetivo, mas com controle de bola. Qualquer comentarista atento viria que a Holanda seria um adversário que encaixaria o futebol de Dunga - vai pra frente, e deixa os espaços para o contra-ataque.
Mas futebol não é tão simples como pensa o treinador da seleção brasileira. Bert van Marwick é um treinador experimentado, encarregou uma marcação especial em Kaká e no Robinho, que falhou no primeiro gol. Van Bommel dominou a arbitragem fraca do juiz Japonês, que parava o jogo para dar lições ao jogadores. No entanto, pouco fez para prejudicar o Brasil e a Holanda, visto que o Brasil caiu de joelhos depois do primeiro gol holandês, achado do Nada.
Uma passagem rápida: a seleção holandesa é muito abaixo das seleções da holanda de 94 e de 98. A seleção de 98 era um time melhor, com bons zagueiros, que não se vê na holanda de hoje, que é um time refém da genialidade de Sneijder e de Robben. Perto da seleção de 98, esses dois craques seriam reservas de luxo.
Colhendo os cacos
Com a mudança necessária que haverá na comissão técnica, realmente temos que pensar em que futebol brasileiro irá se apresentar no futuro: um time limitado táticamente e criativamente, ou voltar as nossas bases do futebol de categoria? A derrota de Dunga, para nós Brasileiros, foi, estranhamente, uma vitória, visto que se esse futebol limitado ganhasse a Copa do Mundo, iriamos ver uma geração de volantes limitados como craques do futebol em 2014. Urge para o futebol brasileiro um técnico que valorize o toque de bola, a criatividade e a alegria de jogar bola. Sugestões deste humilde escritor: Dorival Júnior ou Marcelo Bielsa.
Mateus
Depois de ler tudo isso, alias uma bela retrospectiva, penso que devemos jogar uma pelada (nua seria pornográfico demais) no ou na Paula Ramos, comer ou deliciar se, de uma boa costela, falar um monte de besteira (pode deixar que irei contribuir muito) E jabulanizar muuuuuuuuuuito!!
ResponderExcluirBoa Mateus, parabéns pela postagem!!
Cruyff para técnico! A Copa no Brasil tem de ser vencida pela maior seleção brasileira de todos os tempos. E, para isso, o maior técnico de todos os tempos tem de ter a sua disposição craques como Neymar, Ganso e outros que surgirão até 2014...
ResponderExcluirBaita texto!
Poupasse-me trabalho. Só assino embaixo.
ResponderExcluirQualquer comentário sobre o conteúdo do texto seria ajudar a bater em bêbado.
ResponderExcluirFica aqui o registro, entretanto, a qualidade do texto postada acima por nosso amigo Matheus: didático, histórico, pontual.